Queda nas exportações não garante carne mais barata no Brasil
8/2/20252 min ler


A carne está entre os alimentos alvos da tarifa de 50% sobre as compras de produtos brasileiros pelos Estados Unidos.
Se a exportação para os EUA diminuir por causa disso, quer dizer que vai sobrar carne no Brasil e os preços vão baixar, seguindo a lei da oferta e procura? Não, dizem analistas.
Pode até acontecer uma redução por pouco tempo, mas a tendência de alta no preço da carne deverá predominar.
Os preços da carne bovina no Brasil caíram 0,35% em junho, na comparação com maio, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
Mas, na comparação com 12 meses atrás, as carnes ficaram 23,63% mais caras.
O início do tarifaço poderá até fazer o preço cair nos supermercados, para que o mercado brasileiro absorva os bois que foram abatidos visando vendas para os EUA.
O motivo é que, com ou sem tarifaço, o número de abates já iria diminuir nos próximos meses, reduzindo a oferta de carne e, portanto, fazendo os preços subirem.
Essa alta já era esperada: os pecuaristas se planejavam para segurar mais fêmeas para reprodução.
O tarifaço só deverá reforçar esse movimento de queda nos abates. Os frigoríficos brasileiros já pararam de produzir carne bovina destinada aos EUA, afirmou o presidente da associação dos exportadores (Abiec), Roberto Perosa, na última quarta-feira (30).
Produtores também estão mandando menos animais ao confinamento para a engorda, fase final da criação antes do abate, diz Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Com menos bois sendo engordados e abatidos, a oferta interna também cai. Ou seja, a carne pode ficar ainda mais cara, segundo os especialistas.

